Confissões de Rodrigo Guedes de Carvalho: “Antes de fecharem o caixão, dei-lhe um beijo”. O pivô da SIC foi o convidado de Daniel Oliveira no Alta Definição.
Ele falou da fantástica relação que tinha com o avô: «Tínhamos extraordinárias conversas os dois calados na sala. A família admirava-se porque passávamos horas calados. Nós não sentíamos que estávamos em silêncio. Ele era uma presença muito apaziguadora para mim.
Tenho muitas saudades dos meus avós que já partiram. Passados uns dois anos, numa ceia de Natal. estava só eu, a minha mulher [a jornalista Teresa Dimas] e os meus filhos e, de repente, deu-me uma quebra brutal, um ataque de choro brutal e deixei sair muita coisa. Estava com muitas saudades. É uma dor que não sara, serena. Mas não sara», disse.
A perda do avô foi um momento difícil para toda a família: «O meu avô era um homem bonito, quando entrava numa sala era impossível deixar de olhar para ele… já depois dos 80 anos, teve um pequeno AVC. Esse pequeno AVC não era dramático, mas ele tinha que seguir uma rotina de fisioterapia, no sentido de melhorar um bocadinho a fala e os movimentos, e ele não o fez. Por orgulho. Fechou-se em casa, foi incapaz de se mostrar às pessoas naquele estado e isso foi fatal. Foi definhando e a agonia lenta do final foi dolorosa para todos.»
Depois aconteceu a morte da avó de Rodrigo Guedes de Carvalho. «Posteriormente morre a minha avó. Eu fui daqui ao Porto, ao funeral e, antes de fecharem o caixão, dei-lhe um beijo, disse-lhe uma coisa ao ouvido, que guardo para mim. Saí sozinho, parei em frente à casa, peguei numa moeda que era importante para mim, beijei-a, disse outra coisa, mandei a moeda para o meio do jardim e nunca mais lá passei. E nunca mais vou passar. Fechei, encerrei. Não quero saber como está aquela casa, porque já não é a nossa casa. Já foi, não será mais. Despedi-me deles como me despedia deles ou cumprimentava antes. Gostaria de ter uma garantia de que eles já não sentem nada», disse.