Há muita gente boa a ir ao psicólogo para conseguir lidar com pessoas más. A tecnologia, a medicina, os conhecimentos e a velocidade de tudo avançam a passos largos.
Era para o mundo sempre caminhar para a frente, mas não: em termos de relacionamentos, afetividade, empatia, sentimentos, ainda há muito retrocesso. Parece que, quanto mais informação existe à disposição, menos ela é consultada.
Ainda há muito a ser aprendido quanto à convivência e às redes sociais, uma vez que o mundo cibernético parece, muitas vezes, uma terra de ninguém, sem lei, sem ordem, sem ninguém que se importe com o outro.
O ecrã frio do computador e dos smartphones acaba como que contaminando tudo o que está ali dentro. Talvez por se tratar de um ambiente em que ninguém vê o outro, há muita coisa desumana sendo postada e partilhada.
Da mesma forma, no mundo fora dos ecrãs e dos telemóveis, não está muito fácil para ninguém. A competitividade exacerbada e o apego materialista, infelizmente, acabam sendo a tónica dominante que subjaz a relacionamentos diversos. Soma-se a essa dinâmica um egoísmo que tomou conta de muitas pessoas, cujas visões de mundo raramente acolhem o outro, o diferente, o contraditório.
Infelizmente, há muita gente a espalhar fofocas baseadas em suposições. Há muita gente que quer puxar o tapete do outro. Há muita gente que quer destruir e difamar a vida de quem nunca fez nada para merecer isso. Há muita gente que não sabe amar, pois nunca foi amada. Há muita gente a julgar e a apontar o dedo, sem se olhar no espelho. E, por conta disso, há muita gente adoecendo emocionalmente, em consequência da maldade alheia.
Nem sempre sofremos por algo que nós próprios fizemos, pois existem factos e acontecimentos que chegam até nós e nos atingem profundamente, mesmo que não estejam totalmente relacionados com as nossas vidas.
O que fere quem amamos, por exemplo, também acaba por nos ferir de certa forma. Com isso, embora tenhamos que aprender a não carregar pesos que não sejam nossos, muitas vezes acabaremos procurando ajuda para lidarmos com aquilo que nem fomos nós que provocamos. Não deveria ser assim, mas é.
Créditos: Marcel Camargo (adaptado)