Muitas pessoas preferem estar com animais do que com amigos e familiares. Os pesquisadores Arnold Arluke e Jack Levin, sociólogos da Universidade de Northeasten constataram a partir de uma série de estudos da relação fraterna entre humanos e animais o seguinte: “as pessoas ficam mais chateadas com as notícias de abuso de animais do que com ataques dirigidos para os seres humanos”.
Após realizar uma pesquisa em uma universidade onde mostravam as fotos de quatro vítimas, sendo elas um homem adulto, um bebé humano, um cachorro adulto e um cão bebé, é percebido que o bebé humano suscitou mais reações de dó, seguido do cão bebé.
Eles concluem então que a importância emocional varia: quanto mais indefesos e desprotegidos, mais dó sentimos.
Psicólogos da Universidade da Geórgia também realizaram uma experiência onde perguntavam aos jovens quem salvariam em uma situação hipotética, um cão ou um humano.
A resposta da maioria é que se fosse seu cachorro e um ser humano desconhecido, eles salvariam o cachorro!
São muitas as causas prováveis dessa escolha, no entanto a maioria delas de origem emocional.
As relações humanas mudaram muito, há uma superficialidade muito grande, uma falta de empatia, com o crescimento do uso da tecnologia as pessoas tendem a relacionar-se mais virtualmente do que pessoalmente, o que, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, seria um momento de frouxidão nas relações sociais.
Outros sociólogos definem as relações afetivas descartáveis como “amor líquido”, ou seja, muito vulneráveis, onde por meio de redes sociais a amizade, o amor e o respeito entre as pessoas são facilmente descartáveis.
Segundo os psicólogos Cloud e Townsend, em sua pesquisa sobre limites, o problema é que pessoas com conflitos internos de limites tendem a afastar-se dos relacionamentos íntimos e pensam ser um “retrocesso” ter de aprender novamente a relacionar-se com outros seres humanos.
Uma vez que, criar um relacionamento com as pessoas é um processo demorado, arriscado e doloroso e, mesmo depois de descobrir as pessoas certas (o que ja é bastante difícil), ainda é preciso admitir que, como seres relacionais que somos, precisamos um do outro.
Certamente pensando assim, é justificável a preferência pelos animais que, conforme mencionado anteriormente, não demandam de tanto esforço, eles simplesmente agregam sem esperar nada em troca, no entanto, por mais que aparente ser uma linda relação de afeto, como seres irracionais (por mais espertos e simpáticos que sejam), os animais não têm condição de suprir todas as demandas emocionais da mesma forma que outro ser humano.
Refletindo sobre tudo isso fica a dúvida, será que por causa do tempo em que vivemos, do desgaste das relações humanas, da superficialidade e das decepções vividas em relacionamentos tóxicos nós temos desistido uns dos outros?
Como tudo nessa vida, os relacionamentos tem um custo, mas será que não é melhor amar e perder do que nunca ter amado?
A verdade é que pode custar tempo e esforço, mas o que podemos viver e partilhar com nossos semelhantes… isso definitivamente NÃO TEM PREÇO!