Like não é afeto, seguir de volta não é amizade. Estamos carentes. No fundo, somos carentes. Embora a gente tente viver sem ter que contar muito com os outros, existem momentos que parecem pedir a presença de alguém. É perfeitamente possível ir ao cinema, a bares, a centros comerciais e a discotecas sozinho, bem como curtir a própria casa sem companhia alguma. Porém, em determinadas situações, poder contar com alguém faz diferença.
Hoje, com o advento das redes sociais, muitos de nós preferimos nos conectar online, relegando os encontros da vida real ao quase esquecimento. É possível bater papo em chats virtuais, inclusive escolhendo assuntos de interesse, entre outros, o que traz a ilusão de companhia verdadeira. Mas não: há um ecrã separando os interlocutores, o que encoraja muitos a fingir, mentir, mascarar. Não dá para confiar apenas no que o outro digita, ou mesmo expõe via webcam.
Somos seres gregários, somos sentimentos e precisamos de troca de energia, de sentidos, de contato, de afeto. Precisamos de proximidade, de olho no olho, de abraços apertados. Pode ser até bom conversar virtualmente com alguém que parece nos entender e nos conhecer bem, porém, o calor humano jamais será substituído por palavras ao longe. Saber que tem alguém que virá até nós, quando assim for preciso, acalenta e acalma a nossa alma.
A tua conta no Instagram pode ter milhares de seguidores, a tua lista de amigos no facebook pode ser imensa, podes participar de inúmeros grupos no whatsapp, mas quem realmente se importa contigo, a ponto de responder, ali ao lado, às tuas chamadas doloridas, muito provavelmente é a pessoa que faz questão de se encontrar pessoalmente contigo. E, para essa pessoa, não importa a duração ou a frequência desses encontros e sim a intensidade da verdade que o teu afeto carrega.
A gente acha que se basta, que não precisa de ninguém, mas nem sempre é assim. Quando o abismo abre sob os nossos pés, a gente tenta procurar mãos que nos sustentem e abraços que nos confortem. Um amigo, um irmão, um amor, não importa: a nossa escuridão acaba procurando a luz no olhar de um outro além de nós. A fé nos fortalece e é imprescindível, mas a luz de alguém que se importa com a gente nos empurra, faz a gente esperançar.
Às vezes, estar sozinho não será o bastante. Rede social não é vida real. E ponto.
Créditos: MArcel Camargo